segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Os gemeos e o ambiente

Dois irmãos gêmeos, filhos de um agricultor do interior viveram uma vida com as mesmas oportunidades até a adolescência, quando um dos irmãos resolveu se mudar para a cidade grande.
Foi para a capital do estado, permaneceu por lá uns dois anos e depois não se teve mais notícia dele.
O irmão que permaneceu na casa do pai tornou-se lavrador, manteve a propriedade produtiva, casou com a filha de um outro agricultor vizinho, teve filhos e deu continuidade as atividades da família.
Passaram trinta anos e o irmão que havia corrido o mundo apareceu, envelhecido, cabelos brancos, um ar cassado, um olhar questionador e um senso de humor inigualável.
Quando ele apareceu foi uma verdadeira festa, sem notícias por mais de vinte e sete anos, pensava-se que ele tivesse morrido, sua aparição foi realmente uma surpresa e uma alegria para aquela família.
A curiosidade sobre o que aquele homem havia feito de sua vida, por onde andara este tempo todo era uma constante na mente de todos.
Depois dos cumprimentos iniciais, o irmão andarilho se instalou, estava sozinho, sentaram-se na varanda e puseram-se a conversar.
Cheio de curiosidade o irmão agricultor perguntou.
_ O que você fez esse tempo todo meu irmão?
O irmão aventureiro respondeu:
_ Depois de um ano que saí daqui, fui viajar em um navio como marujo, conheci o mundo, vi lugares que nunca poderia imaginar que existiam, mas depois de 2 anos no navio enjoei dessa vida e resolvi me fixar. Aí começa minha verdadeira aventura, fui para a amazonia, comprei um serraria em um lugar onde para chegar só com 2 dias de barco, ganhei até algum dinheiro, em seguida me mudei para uma cidade melhor, lá comprei um cinema e abri uma boate, fiz sucesso.
_ Me casei umas 4 vezes e tive 3 filhos, ingressei na política, fui vereador daquela cidade, não me reelegi. Depois veio esse negocio de meio ambiente, meus negócios fraquejaram e eu quebrei, fiquei em uma situação muito difícil, os amigos se afastaram e as mulheres nem imagine, parecia que eu era aidético, acho até que aidético é menos preterido do que quebrado.
Mas aprendi a usar o mesmo veneno para me recuperar.
Passei a trabalhar com planos de manejo florestal, é muito melhor trabalhar com esses papeis do que com madeira e ganha-se muito mais.
Bastava encontrar uma área (terra), arrumar a documentação, pagar um engenheiro florestal para fazer um plano de manejo, dar entrada no IBAMA, pagar os fiscais para fazerem relatório favorável ao pano presentado, pagar o pessoal da burocracia para o plano ser aprovado e dividir o lucro com todos eles.
Papel é muito melhor, não quebra caminhão, não tem operário, simplesmente a gente arrumava um jeito de regularizar o trabalho dos otários que produziam para legalizar a madeira deles, era muito melhor.
Mas as coisas foram apertando e hoje está muito mais difícil fazer essas coisas, mas ainda tem.
Interrompeu sua dissertiva e perguntou ao irmão agricultor;
_ e você o que fez de sua vida?
Respondeu:
_ Fiquei aqui, o papai morreu, fiquei tomando conta do sítio, tive algumas dificuldades mas as superei e me casei. Me casei com a Antonia, filha de nosso vizinho, lembra.
O outro irmão aparteou:
_ Lembro sim era bonitinha.
Prossegue o agricultor:
_ Juntamos as propriedades, hoje nosso sítio é o dobro do tamanho, produzimos muito, também devemos muito. Mas a Antonia tem tido um importância enorme nesse progresso.
Daí o irmão agricultor começou a elogiar seu casamento e sua mulher, teceu muitos comentários e sempre a Antonia era o personagem central. E finalizou:
_ A Antonia, além de ser uma grande mulher, uma mãe esplendorosa, uma dona de casa primorosa, uma esposa companheira e ela ainda é assim.
Gesticulou levantando a mão direita, dobrou o antebraço fechando a mão com o polegar encobrindo o indicador, balançou o braço erguido e repetiu:
_ ELA É ASSIM
Imediatamente foi aparteado pelo irmão aventureiro:
_APERTADINHA???
negou o irmão agricultor:
_ não econômica.

O comportamento das pessoas traduz o ambiente em que vivem, independentemente de sua origem e hereditariedade

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