sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DIÁRIO OFICIAL Nº. 31613 de 26/02/2010
GABINETE DA GOVERNADORA
DECRETO Nº. 2.134, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2010.
Número de Publicação: 73645



A GOVERNADORA DO ESTADO DO PARÁ, usando das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 135, inciso V, da Constituição Estadual,
R E S O L V E:
Art. 1° Tornar sem efeito o Decreto nº 2.130, de 24 de fevereiro de 2010, que delegou competência ao titular da Secretaria de Estado de Governo para, respeitada a legislação em vigor, praticar os atos relacionados a:
a) nomeação e exoneração dos cargos em comissão integrantes do Grupo de Direção e Assessoramento Superior-DAS da administração direta do Estado.
b) exoneração, a pedido, de funcionário ocupante de cargo de provimento efetivo da administração direta e indireta do Estado;
c) nomeação e exoneração dos cargos em comissão não-integrantes do Grupo de Direção e Assessoramento Superior-DAS, após aprovação do Chefe do Poder Executivo, excetuados os cargos dos Grupos Assessoria Especial e Assessoria de Gabinete.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO, 25 DE FEVEREIRO DE 2010.

ANA JÚLIA DE VASCONCELOS CAREPA

Governadora do Estado
DIÁRIO OFICIAL Nº. 31613 de 26/02/2010
GABINETE DA GOVERNADORA
DECRETO Nº. 2.134, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2010.
Número de Publicação: 73645

A GOVERNADORA DO ESTADO DO PARÁ, usando das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 135, inciso V, da Constituição Estadual,
R E S O L V E:
Art. 1° Tornar sem efeito o Decreto nº 2.130, de 24 de fevereiro de 2010, que delegou competência ao titular da Secretaria de Estado de Governo para, respeitada a legislação em vigor, praticar os atos relacionados a:
a) nomeação e exoneração dos cargos em comissão integrantes do Grupo de Direção e Assessoramento Superior-DAS da administração direta do Estado.
b) exoneração, a pedido, de funcionário ocupante de cargo de provimento efetivo da administração direta e indireta do Estado;
c) nomeação e exoneração dos cargos em comissão não-integrantes do Grupo de Direção e Assessoramento Superior-DAS, após aprovação do Chefe do Poder Executivo, excetuados os cargos dos Grupos Assessoria Especial e Assessoria de Gabinete.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO, 25 DE FEVEREIRO DE 2010.

ANA JÚLIA DE VASCONCELOS CAREPA

Governadora do Estado

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


I CONCURSO DE REDAÇÃO DA JUVENTUDE ESTUDANTIL DE TUCURUÍ
“O PMDB E A REDEMOCRATIZAÇÃO”

O I Concurso de Redação sobre o PMDB e a redemocratização nacional, promovido pelo PMDB, com apoio das Secretarias de Educação do Estado do Pará e do Município de Tucuruí, se insere no âmbito das atividades de desenvolvimento e conscientização do espírito de cidadania entre os jovens de Tucuruí.

R E G U L A M E N T O
 
1. DOS OBJETIVOS
1.1 Geral
·         Estimular entre os estudantes das duas últimas séries do ensino fundamental, regularmente matriculados nas escolas públicas e escolas privadas de Tucuruí, o sentimento cívico, envolvendo-os na conscientização política e no espírito de cidadania.
1.2 Específicos
·         Incentivar o interesse dos educandos pela história política da região e do Brasil;
·         Valorizar a participação na vida político-partidária do Município, do estado e do País;
·         Contribuir para o processo de formação da cidadania proporcionando aos futuros formadores de opinião a visão do papel institucional do dos partidos políticos como forma de atuação social.

2. DO PÚBLICO-ALVO
·         Este concurso se destina aos alunos do ensino médio das escolas públicas e das escolas privadas do Município de Tucuruí.

 


3. DA MODALIDADE
·         O gênero escolhido é o texto dissertativo;
·         O tema a ser desenvolvido é “O PMDB e a Redemocratização”.

4. DA CONDIÇÃO PARA PARTICIPAR

Somente poderão participar do I Concurso de Redação da Juventude Estudantil de Tucuruí os alunos regularmente matriculados das escolas públicas e escolas privadas.
·         Cada aluno poderá participar com apenas uma redação;
·         Para participar o aluno deverá entregar ao professor coordenador do Concurso de sua escola 1 (um) kg de alimento não perecível;
·         Cada redação será orientada por um professor que também participará da premiação em conjunto com os alunos.

5. DAS ETAPAS
5.1 Primeira Etapa: Seleção da redação do aluno pela escola.
·         A Direção da escola indicará uma Comissão de 2 professores  para coordenar o concurso na unidade;
·         Esta Comissão será responsável pela correção e escolha das redações;
·         Os professores desta Comissão não poderão ser orientadores das redações;
·         Os membros desta Comissão serão remunerados por sua atividade de coordenação e correção;
·         Os professores orientadores concorrerão a uma máquina fotográfica digital para os 3 (três) primeiros lugares;
·        Será realizada nas escolas, envolvendo todas as turmas das séries contempladas por este concurso;






·         Embora liderada pela disciplina de português, a redação deverá ser enriquecida pelo caráter interdisciplinar, mediante enfoques históricos, geográficos e outros pertinentes, a serem trabalhados previamente pelo professor. Os estudos e discussões deverão culminar com a atividade de redação, pelos alunos, em sala de aula;
·         A direção das escolas deverá constituir uma comissão julgadora para escolher, entre todos os textos produzidos pelos alunos, a melhor redação capaz de representá-las;
·         Cada uma das escolas participantes será responsável por remeter à Comissão do PMDB 1 (uma) redação, selecionada entre as turmas das séries contempladas por este concurso, e manuscrita pelo próprio aluno na folha com timbre do partido, junto com a ficha de inscrição do aluno;                           
·         Os documentos deverão ser enviados no envelope timbrado do partido, material especialmente desenvolvido para este concurso e previamente remetido às escolas.
·         5.2 Segunda Etapa: Escolha da redação vencedora e do segundo e terceiro lugares pela Comissão Julgadora.
·         A Comissão Julgadora, composta por integrantes do PMDB vinculados à Educação,  receberá as redações e selecionará, com base nos critérios expostos neste regulamento, 1 (uma) redação vencedora. Será responsável, ainda, por apontar as redações selecionadas em segundo e terceiro lugares.

6. DAS INSCRIÇÕES DAS REDAÇÕES DOS ALUNOS
·         Período de inscrições: até 15 de abril de 2010;
·         Cada escola participante receberá um kit desenvolvido pelo PMDB especialmente para este concurso contendo: 1 (um) regulamento, 1 (uma) ficha de inscrição, 1(uma) folha de redação em papel timbrado e 1 (um) envelope timbrado;
·         Serão consideradas inscritas as redações manuscritas pelo aluno na folha oficial do concurso do PMDB, acompanhadas da ficha de inscrição devidamente preenchida, assinada pelo diretor da escola, pelo aluno autor da redação e por seu professor orientador;




·         Ao encaminhar a redação do seu aluno, a escola e o aluno participantes, bem como os responsáveis por este, estarão automaticamente se submetendo às normas estabelecidas neste regulamento;
·         As redações não serão devolvidas em qualquer hipótese;
·         Ao efetuarem a inscrição, o aluno, seu professor orientador e a escola manifestam estarem de acordo, para todos os efeitos, com a publicação e a divulgação da redação concorrente, bem como com o repasse automático de todos os direitos de uso da redação;
·         Cada um dos cabeçalhos das fichas de inscrição deverá conter a identificação completa do aluno e da instituição de ensino. O cabeçalho irá conter um número específico que se repetirá em outra parte do documento, destacável, preservando assim a identidade do aluno responsável pela redação, dados que não chegarão ao conhecimento da Comissão Julgadora;
·         Somente a Diretoria Executiva do PMDB de Tucuruí, cujos profissionais não farão parte da Comissão Julgadora, terá acesso às identificações das redações.


7. DO CRONOGRAMA
Período
Atividade
Responsável
Até 10/03/10
A Comissão do Concurso de Redação composta por membros do PMDB percorrerá as escolas divulgando o Concurso e distribuindo o kit 

Até 15/04/10

As escolas concluem o processo de escolha da redação e enviam ao PMDB de Tucuruí

Até 15/05/10
A Comissão do Concurso de Redação do PMDB divulga o resultado do Concurso

Até 15/06/10
A Diretoria executiva do PMDB de Tucuruí prepara e executa a cerimônia de premiação.






8. DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

As redações inscritas neste concurso serão avaliadas segundo os seguintes critérios:
·         Adequação ao tema, entendida como a conformidade obrigatória entre o texto e o tema proposto neste regulamento;
·         Qualidade da redação. Serão observadas a correção gramatical, a objetividade, a originalidade, a ortografia, a concordância, o capricho, a organização e a conclusão da idéia;
·         Originalidade e ineditismo. O texto não poderá ter sido publicado em quaisquer mídias ou participado em concursos anteriores;
·         A redação deverá ter entre 15 (quinze) e 25 (vinte e cinco) linhas, ser manuscrita em português pela criança que estará concorrendo ao prêmio, com caneta esferográfica azul ou preta;
·         A criança participante deverá ser livre ao redigir suas idéias, não sendo permitida a intervenção de outrem na produção do texto;
·         O texto apresentado deverá ser desenvolvido de forma a contemplar a apresentação das idéias, o desenvolvimento destas e uma conclusão;
·         Não serão aceitas redações impressas ou que contenham palavras de língua estrangeira;
·         O aluno deverá identificar-se somente no cabeçalho, pois serão desclassificadas as redações que tenham qualquer assinatura, desenho, rasura ou marca identificadora fora do local apropriado;
·         A redação será desconsiderada se fugir do tema e/ou for ilegível;
·         Só serão consideradas as redações manuscritas pelo aluno no papel timbrado do PMDB especialmente desenvolvido para ser utilizado neste concurso;







  9. DA PREMIAÇÃO

·         O aluno vencedor será premiado com Notebook HP Compaq CQ40-622br c/ Intel® Pentium Dual Core T4200 2.0GHz 2GB 320GB DVD-RW Webcam 14.1" Windows 7 Starter – HP, ou equivalente.

 

·         O segundo lugar será premiado com um Netbook JCE JS7216 c/ processador Intel Atom N270 1.6Ghz 2GB 160 GB WebCan 1.3MP 10.1” Windows 7 Starter, ou equivalente.


·       O terceiro lugar será premiado com um telefone celular, com 2 chips, quadriband, câmara fotográfica de 8 MPixels e localizador GPS com mapas de cidades do Brasil.

  • Os professores orientadores dos alunos vencedores receberão uma máquina fotográfica digital como premiação pelo seu esforço;
  • Todas as escolas participantes receberão uma publicação contendo as redações selecionadas.

10. DA DIVULGAÇÃO
·         A redação vencedora, bem como a cerimônia de premiação serão amplamente divulgados pelo sistema de comunicação do PMDB de Tucuruí;
·         Serão entrevistados pelos veículos de comunicação o aluno, o orientador e o diretor da escola;
·         O PMDB se compromete a divulgar junto à mídia externa todas as fases do concurso.

11. DA QUESTÃO DOS DIREITOS AUTORAIS
·         Os responsáveis legais pelos alunos, os professores e os diretores das escolas participantes do I Concurso de Redação da Juventude estudantil de Tucuruí, com o tema “O PMDB e a Redemocratização”, no ato de sua inscrição, autorizam o PMDB, em caráter gratuito e irrevogável, a utilizar, isolada ou conjuntamente, total ou parcialmente, direta ou indiretamente e sem qualquer restrição de idioma, quantidade de exemplares, número de emissões, transmissões, retransmissões, edições, reedições e veiculações, os direitos autorais patrimoniais relativos às redações que venham a ser por eles produzidas no âmbito deste Concurso.

12. SUGESTÕES PARA FUTURAS EDIÇÕES DO CONCURSO

Se as escolas ou quaisquer interessados julgarem necessário apresentar sugestões para uma próxima edição do Concurso de Redação da Juventude Estudantil de Tucuruí, poderão encaminhá-las para o endereço eletrônico: pmdbtucurui@gmail.com 
14. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
·         A decisão da Comissão Julgadora será soberana, não se admitindo contra ela nenhum recurso.
·         Eventuais dúvidas decorrentes deste regulamento serão esclarecidas ou resolvidas pela Diretoria executiva do PMDB de Tucuruí.
·         Não serão devolvidos textos, documentos ou quaisquer materiais entregues ou enviados à Comissão do Concurso.



sábado, 20 de fevereiro de 2010

Em discurso, Dilma vai atenuar o esquerdismo do PT

Da Folha de São Paulo, 
Desta idéia, Dilma escreverá sua "Carta aos Brasileiros", como seu criador em 2001 o fez

Sérgio Lima/Folha

Escolhida há mais de dois anos por Lula e recebida pelo PT com o pé atrás, Dilma Rousseff será aclamada pelo partido, neste sábado (20), como candidata à sucessão presidencial.

Em mais uma evidência de que controla o PT com mão de ferro, Lula vestirá roupa de candidata em sua principal ministra sem enfrentar contestações na legenda.

Dilma fará, no encerramento do 4º Congresso Nacional do PT, organizado para servir-lhe de apoteose, seu primeiro discurso de candidata.

No texto, finalizado na noite passada, Dilma tenta se desvencilhar de seu primeiro desafio de campanha.

A candidata terá de se esquivar das teses radicais que o PT acomodou num pseudoprograma de governo concebido para o período pós-Lula.

A peça soa grandiloquente já no nome: “A Grande Transformação”. Redigiu-a o grão-petê Marco Aurélio Garcia, o amigo de Hugo Chávez que assessora Lula.

Na versão original, o texto já havia sido colorido de vermelho. Subemetido às cerca de 1.350 cabeças que participam do Congresso do PT, tonou-se ainda mais radical.

Aconselhada por Lula, Dilma cuidará de atenuar em seu discurso o esquerdismo do partido que a levará às urnas de 2010. Evitará endossar as teses que não encontram amparo na maioria da sociedade.

Dilma fará mais: acenará ao mercado com o compromisso de preservar os pilares da política econômica praticada sob Lula.

Em resumo, Dilma vai discursar para a platéia de marxistas e socialisas do PT de olho no único brasileiro que importa para ela no momento: o eleitor.

Para certificar-se de que o conteúdo da fala de Dilma não fugisse ao figurino, Lula acomodou do lado dela o marqueteiro João Santana e dois petistas moderados.

Assessoram a ministra na elaboração final do texto o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. 

No penúltimo dia de seu Congresso, véspera da aclamação de Dilma, o PT turbinou o texto de Marco Aurélio, que já gotejava veneno.

Entre as teses tóxicas aprovadas pelo partido estão, por exemplo: redução da jornada de trabalho sem poda dos contracheques, taxação de grandes fortunas...

...Endosso incondicional ao controverso Plano Nacional de Direitos Humanos e fim do “monopólio” dos meios de comunicação eletrônicos. Leia-se: redes de rádio e TV.

São esses os temas que Dilma terá de tangenciar no discurso. Em dúvida, na noite passada, apenas a posição da candidata em relação ao plano de direitos humanos.

A depender da vontade de Dilma, a encrenca escalaria o discurso. Pela vontade de Lula, ficaria de fora.

Numa antecipação do plebiscito idealizado pelo governo para a campanha desse ano, Dilma se enrolará na mais vistosa bandeira da era Lula: a política social.

Dirá que, sob Lula, 20 milhões de brasileiros relegados a segundo plano em administrações anteriores escalaram o mercado de consumo.

Atribuirá a esse fenômeno boa parte do sucesso do Brasil no combate à crise financeira global.

Tomada pela versão mais recente do discurso, Dilma se apresentará como herdeira natural do legado de Lula.

E, para não parecer mera continuadora do já realizado, acenará com o aprofundamento do “êxito”.

A candidata defenderá o aprofundamento da estratégia de governo que combina o crescimento sustentável da economia com investimentos sociais.

Empilhará dados dos programas que lhe rendem a fama de gerente: PAC e Minha Casa, Minha vida.

Defenderá o papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico. Mencionará os gargalos ainda por superar no setor de infra-estrutura.

Afagará o eleitor com a promessa de tonificar os investimentos em áreas como educação, pesquisa científica e tecnológica e saúde.

Com essa plataforma de "Brasil grande", Dilma entra formalmente na campanha cinco meses antes do prazo previsto no calendário eleitoral do TSE.

Sem jamais ter disputado eleições, ergue os punhos na direção de um candidato que já foi deputado, senador, ministro e, hoje, governa o maior Estado da federação.

Em alta nas pesquisas, Dilma como que chama o tucano José Serra para a briga. O rival se autoimpôs um prazo mais elástico para subir ao ringue: final de março.

A cúpula do PSDB tenta, de novo, empurrar Serra para uma definição. Consolidou-se na oposição o entendimento de que a demora ajuda Dilma, protagonista de uma campanha solitária

Veja entrevista Dilma

- John Maynard Keynes, que a senhora admira, dizia alguma coisa equivalente a "se a realidade muda, eu mudo minhas convicções". Como sua visão de mundo mudou com o tempo e com a experiência de ajudar a governar um país?
O Brasil superou uma ditadura militar e está consolidando sua democracia. A realidade mudou, e nós com ela. Contudo, nunca mudei de lado. Sempre estive ao lado da justiça, da democracia e da igualdade social.
- Henry Adams, outro autor que a senhora lê com assiduidade, escreveu que "conhecer a natureza humana é o começo e o fim de toda educação política". A senhora acredita que conhece o bastante da natureza humana, em especial a dos políticos, mesmo sem ter disputado eleições antes?
Conheço bem o pensamento de Henry Adams para saber que nessa citação ele se refere à política no seu sentido amplo. Falando no sentido estritamente eleitoral da sua pergunta, acredito que minha experiência de mais de 40 anos de militância política e gestão pública permite construir um relacionamento equilibrado com as diferentes forças partidárias que participarão desse processo eleitoral.
- Os brasileiros trabalham cinco meses do ano para pagar impostos, cuja carga total beira 40% do PIB. Em uma situação dessas, faz sentido considerar a ampliação do papel do estado na vida das pessoas, como parece ser a sua proposta?
O que defendemos é a recomposição da capacidade do Estado para planejar, gerir e executar políticas e serviços públicos de interesse da população. Os setores produtivos deste país reconhecem a importância da atuação equilibrada e anticíclica do Estado brasileiro na indução do desenvolvimento econômico. Sem a participação do estado, em parceria com o setor privado, não seria possível construir 1 milhão de casas no Brasil.
- Não fosse a necessidade de criar slogans e conceitos de rápida assimilação popular nas campanhas, seria o caso de superar esse debate falso e improdutivo sobre "estado mínimo" e "estado máximo", correto? Afinal, ninguém de carne e osso com cérebro entre as orelhas vive nesses extremos fundamentalistas. Qual o real papel do Estado?
Nos sete anos de nosso governo, ficou demonstrado o papel que vemos para o Estado: induzir o desenvolvimento dos setores produtivos, priorizar os investimentos em infraestrutura em parceria com o setor privado, fortalecer e impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento científico-tecnológico, assegurando ganhos de produtividade em todos os setores econômicos. Modernizar os serviços públicos buscando responder de forma eficaz às demandas da população nas áreas da saúde, educação, segurança pública e demais direitos da cidadania. Chamo atenção para a comprovada eficácia dos programas que criamos. O Bolsa Família, o Luz para Todos, o Programa Minha Casa Minha Vida, as obras de saneamento e drenagem do PAC, entre outros, produziram forte impacto na melhoria de vida da população e resultaram também no fortalecimento do mercado interno. Finalmente, gostaria de destacar o papel do setor público diante da crise recente, o que permitiu que fôssemos os últimos a entrar e os primeiros a sair dela. Garantimos crédito, desoneração fiscal e liquidez para a economia.
- O presidente Lula soube manter aceso o debate ideológico no PT, mas rejeitou todos os avanços dos radicais sobre o governo. Como a senhora vai controlar o fogo dos bolsões sinceros mas radicais do seu partido - em especial a chama da censura à imprensa e do controle estatal da cultura?
Censura à imprensa e controle estatal da cultura estão completamente fora das ações do atual governo, como também de nossas propostas para o futuro.
- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso definiu a senhora como uma lua política sem luz própria girando em torno e dependente do carisma ensolarado do presidente Lula. Como a senhora pretende firmar sua própria identidade?
Não considero apropriado discutir luminosidade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- A oposição certamente vai bater na tecla da personalidade durante a campanha, explorando situações em que sua versão de determinados fatos soaram como mentiras. Como Otto von Bismarck, o chanceler de ferro da Alemanha, a senhora vê lugar para a mentira na prática política?
Na democracia não vejo nenhum lugar para a mentira. Como já disse em audiência no Congresso Nacional, em situações de arbítrio e regimes de exceção, a omissão da verdade pode ser um recurso de defesa pessoal e de proteção a companheiros.
- Qual o perfil ideal de vice-presidente para compor sua chapa?
Um nome que expresse a força e a diversidade da nossa aliança.
- O presidenciável Ciro Gomes, aliado do seu governo, afirma que a aliança entre o PT e o PMDB é um "roçado de escândalos semeados". A senhora não só defende essa aliança como quer o PMDB indicando o vice em sua chapa. Não é um risco político dar tanto espaço a um partido comandado por Renan Calheiros, José Sarney e Jader Barbalho?
Não se deve governar um país sem alianças e coalizões. Mesmo quando isso é possível, não é desejável. O PMDB é um dos maiores partidos brasileiros, com longa tradição democrática. Queremos o PMDB em nossa aliança.
- O Brasil está cercado de alguns países em franca decomposição institucional, com os quais o presidente Lula manteve boas relações, cuidando, porém, de demarcar as diferenças de estágio civilizatório que os separam do Brasil. Como um eventual governo da senhora vai lidar com governantes como Hugo Chávez ou Evo Morales?
Lidaremos com responsabilidade e equilíbrio com todos os países, respeitando sua soberania e sem ingerência em seus assuntos internos. É esse, também, o tratamento que exigimos de todos os países, em reciprocidade.
  

Entrevista do Presidente Lula ao "Estado de São Paulo" - ESTADÃO


Entrevista de Lula ao Estadão...


Na entrevista ao Estado, em agosto de 2007, perguntamos se o sr. já pensava em lançar uma mulher como candidata à sua sucessão. Sua resposta foi: ‘No momento em que eu disser isso, uma flecha estará apontada para esse nome, seja ele qual for.’ Naquela época, o sr. já tinha decidido que seria a ministra Dilma? Quando o sr. decidiu?



Quando aconteceram todos os problemas que levaram o companheiro José Dirceu a sair do governo, eu não tinha dúvida de que a Dilma tinha o perfil para assumir a Casa Civil e ajudar a governar o País. Na Casa Civil ela se transformou na grande coordenadora das políticas do governo. Foi quase uma coisa natural a indicação da Dilma. A dedicação, a capacidade de trabalho e de aprender com facilidade as coisas foram me convencendo que estava nascendo ali mais do que uma simples tecnocrata. Estava nascendo ali uma pessoa com potencial político extraordinário, até porque a vida dela foi uma vida política importante. 



Mas a escolha da ministra só ocorreu porque houve um "vazio" no PT, como disse o ex-ministro Tarso Genro, com os principais candidatos à sua cadeira dizimados pela crise do mensalão, não?



Não concordo. Não tinha essa coisa de ‘principais candidatos’. Isso é coisa que alguém inventou.



José Dirceu, Palocci...



Na minha cabeça não tinha "principais candidatos". Estou absolutamente convencido de que ela é hoje a pessoa mais preparada, tanto do ponto de vista de conhecimento do governo quanto da capacidade de gerenciamento do Brasil.



Naquele momento em que sr. chamou a ministra de "mãe do PAC", na Favela da Rocinha (Rio), ali não foi apresentada a vontade prévia para fazer de Dilma a candidata?



Se foi, foi sem querer. Eu iria lançar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na verdade, antes da eleição (de 2006). Mas fui orientado a não utilizar o PAC em campanha porque a gente não precisaria dele para ganhar as eleições. Olha o otimismo que reinava no governo! E o PAC surgiu também pelo fato de que eu tinha muito medo do segundo mandato.



Por quê?



Quem me conhece há mais tempo sabe que eu nunca gostei de um segundo mandato. Eu sempre achei que o segundo mandato poderia ser um desastre. Então, eu ficava pensando: se no segundo mandato o presidente não tiver vontade, não tiver disposição, garra e ficar naquela mesmice que foi no primeiro mandato, vai ser uma coisa tão desagradável que é melhor que não tenha.



O sr. está enfrentando isso?



Não porque temos coisas para fazer ainda, de forma excepcional, e acho que o PAC foi a grande obra motivadora do segundo mandato.



O sr. não está desrespeitando a Lei Eleitoral, antecipando a campanha?



Não há nenhum desrespeito à Lei Eleitoral. Agora, o que as pessoas não podem é proibir que um presidente da República inaugure as obras que fez. Ora, qual é o papel da oposição? É criticar as coisas que nós não fizemos. Qual é o nosso papel? Mostrar coisas que nós fizemos e inaugurar. 



Mas quem partilha dessa tese diz que o sr. praticamente pede votos para Dilma nas inaugurações...



Eu dizer que vou fazer meu sucessor é o mínimo que espero de mim. A grande obra de um governo é ele fazer seu sucessor. Não faz seu sucessor quem está pensando em voltar quatro anos depois. Aí prefere que ganhe o adversário, o que não é o meu caso. 



Há quem diga que o sr. só escolheu a ministra Dilma, cristã nova no PT, com apenas nove anos de filiação ao partido, porque, se eleita, ela será fiel a seu criador. Isso deixaria a porta aberta para o sr. voltar em 2014. O sr. planeja concorrer novamente? 



Olha, somente quem não conhece o comportamento das mulheres e somente quem não conhece a Dilma pode falar uma heresia dessas. Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio. Não faz parte da minha vida nem no PT nem na CUT. Eu já tive a graça de Deus de governar este país oito anos. Minha tese é a seguinte: rei morto, rei posto. A Dilma tem de criar o estilo dela, a cara dela e fazer as coisas dela. E a mim cabe, como torcedor da arquibancada, ficar batendo palmas para os acertos dela. E torcendo para que dê certo e faça o melhor. Não existe essa hipótese . 



O sr. não pensa mesmo em voltar à Presidência?



Não penso. Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição. Ponto pacífico. Essa é a prioridade número 1. 



O sr. não vai defender a mudança dessa regra, de fim da reeleição com mandato de cinco anos? 



Não vou porque quando quis defender ninguém quis. Eu fui defensor da ideia de cinco anos sem reeleição. Hoje, com a minha experiência de presidente, eu queria dizer uma coisa para vocês: ninguém, nenhum presidente da República, num mandato de quatro anos, concluirá uma única obra estruturante no País.



Então o sr. mudou de ideia...



Mudei de ideia. Veja quanto tempo os tucanos estão governando São Paulo e o Rio Tietê continua do mesmo jeito. É draga dali, tira terra, põe terra. Eu lembro do entusiasmo do Jornal da Tarde quando, em 1982, o banco japonês ofereceu US$ 500 milhões para resolver aquilo. A verdade é que, para desgraça do povo de São Paulo, as enchentes continuam. Eu não culpo o Serra, não culpo o Kassab e nenhum governante. Eu acho que a chuva é demais. No meu apartamento, em São Bernardo, está caindo mais água dentro do que fora. Choveu tanto que vazou. Há dias o meu filho me ligou, às duas horas da manhã, e disse: "Pai, estou com dois baldes de água cheios." Eu fui a São Paulo no dia do aniversário da cidade e disse que o governo federal está disposto a sentar com o governo do Estado, com o prefeito, e discutir uma saída para ver se consegue resolver o problema, que é gravíssimo. Não queremos ficar dizendo: "Ah, é meu adversário, deu enchente, que ótimo". Quem está falando isso para vocês viveu muitas enchentes dentro de casa.





‘Quero criar no País uma megaempresa de energia’





Pelas diretrizes do programa do PT, um eventual governo Dilma Rousseff parece que será mais à esquerda que o seu...



Eu ainda não vi o programa, eu sei que tem discussão. Mas conheço bem a Dilma e, como acho que ela deve imprimir o ritmo dela, se ela tomar uma decisão mais à esquerda do que eu, eu tenho que encarar com normalidade. E, se tomar uma posição mais à direita do que eu, tenho que encarar com normalidade. Tenho total confiança na Dilma, de que ela saberá fazer as coisas corretas para este país. Uma mulher que passou a vida que a Dilma passou - e é sem ranço, sem mágoa, sem preconceito - venceu o pior obstáculo.



A experiência de poder distanciou o sr. do pensamento mais utópico do PT, não? 



Veja, o PT que chegou ao poder comigo, em 2002, não era mais o PT de 1980, de 1982. 



Não era porque houve a Carta ao Povo Brasileiro...



Não é verdade. Num Congresso do PT aparecem 20 teses. Tem gosto para todo mundo. É que nem uma feira de produtos ideológicos. As pessoas compram o que querem e vendem o que querem. O PT, quando chegou à Presidência, tinha aprendido com dezenas de prefeituras, já tínhamos as experiências do governo do Acre, do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul... O PT que chegou ao governo foi o PT maduro. De vez em quando, acho que foi obra de Deus não permitir que eu ganhasse em 1989. Se eu chego em 1989 com a cabeça do jeito que eu pensava, ou eu tinha feito uma revolução no País ou tinha caído no dia seguinte. Acho que Deus disse assim: "Olha, baixinho, você vai perder várias eleições, mas, quando chegar, vai chegar sabendo o que é tango, samba, bolero." O PCI italiano passou três décadas sendo o maior partido comunista do mundo ocidental, mas não passava de 30%. Eu não tinha vocação para isso. E onde eu fui encontrar (a solução)? Na Carta ao Povo Brasileiro e no Zé Alencar. Essa mistura de um sindicalista com um grande empresário e um documento que fosse factível e compreensível pela esquerda e pela direita, pelos ricos e pelos pobres, é que garantiu a minha chegada à Presidência. 



Mesmo assim, o sr. teve de funcionar como fator moderador do seu governo em relação ao partido...



E vou continuar sendo. Eu não morri.



Mas a Dilma poderá fazer isso?



Ah, muito. Hipoteticamente, vocês acham que o PSTU ganhará eleição com o discurso dele? Vamos supor que ganhe, acham que governa? Não governa.



As diretrizes do PT, que pregam o fortalecimento do Estado na economia, não atrapalham?



Quero crer que a sabedoria do PT é tão grande que o partido não vai jogar fora a experiência acumulada de ter um governo aprovado por 72% na opinião pública depois de sete anos no poder. Isso é riqueza que nem o mais nervoso trotskista seria capaz de perder.



Os críticos do programa do PT dizem que o Estado precisa ter limites como empreendedor. Por que mais Estado na economia?



Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão (risos). Não existe hipótese, na minha cabeça, de você ter um governo que vire um governo gerenciador. O governo tem dois papéis e a crise reforçou a descoberta deste papel. O governo tem, de um lado, de ser o regulador e o fiscalizador; do outro lado, tem de ser o indutor, o provocador do investimento, que discute com o empresário e pergunta por que ele não investe em tal setor.



Por que é preciso ressuscitar empresas estatais para fazer programas como a universalização da banda larga? O governo toca o Luz Para Todos com uma política pública que contrata serviços junto às distribuidoras e não ressuscita a Eletrobrás.



Mas nós estamos ressuscitando a Eletrobrás. O Luz Para Todos só deu certo porque o Estado assumiu. As empresas privadas executam sob a supervisão do governo, que é quem paga.



Não pode fazer a mesma coisa com a banda larga?



Pode. Não temos nenhum problema com a empresa privada que cumpre as metas. Mas tem empresa privada que faz menos do que deveria. Então, eu quero, sim, criar uma megaempresa de energia no País. Quero empresa que seja multinacional, que tenha capacidade de assumir empréstimos lá fora, de fazer obras lá fora e fazer aqui dentro. Se a gente não tiver uma empresa que tenha cacife de dizer "se vocês não forem, eu vou", a gente fica refém das manipulações das poucas empresas que querem disputar o mercado. Então, nós queremos uma Eletrobrás forte, para construir parceria com outras empresas. Não queremos ser donos de nada.



A banda larga precisa de uma Telebrás?



Se as empresas privadas que estão no mercado puderem oferecer banda larga de qualidade nos lugares mais longínquos, a preço acessível, por que não?



Mas precisa de uma Telebrás?



Depende. O governo só vai conseguir fazer uma proposta para a sociedade se tiver um instrumento. Não quero uma nova Telebrás com 3 ou 4 mil funcionários. Quero uma empresa enxuta, que possa propor projetos para o governo. Nosso programa está quase fechado, mais uns 15 dias e posso dizer que tenho um programa de banda larga. Vou chamar todos e quero saber quem vai colocar a última milha ao preço mais baixo. Quem fizer, ganha; quem não fizer, tá fora. Para isso o Estado tem de ter capacidade de barganhar. 



O sr. teme que o PSDB venha na campanha com o discurso de gastança, de inchaço da máquina, que o seu governo contratou 100 mil novos servidores?



Vou dar um número, pode anotar aí: cargos comissionados no governo federal, para uma população de 191 milhões de habitantes. Por cada 100 mil habitantes, o governo tem 11 cargos comissionados. O governo de São Paulo tem 31 e a Prefeitura de São Paulo tem 45.



Deixar o governo de Minas para o PMDB de Hélio Costa facilita a vida de Dilma junto à base aliada?



A aliança com o PMDB de Minas independe da candidatura ao governo de Estado. O Hélio Costa tem me dito publicamente que a candidatura dele não é problema. Ele propõe o óbvio, que se faça no momento certo um estudo e veja quem tem mais condições e se apoie esse candidato. Acho que os companheiros de Minas, tanto o Patrus Ananias quanto o Fernando Pimentel se meteram em uma enrascada. Estava tudo indo muito bem até que eles transformaram a disputa entre eles em uma fissura muito ruim para o PT. Como a política é a arte do impossível, quem sabe até março eles conseguem resolver o problema deles.



A desistência da pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) facilitaria a vida de Dilma?



O Ciro é um companheiro por quem tenho o mais profundo respeito. Eu já gostava do Ciro e aprendi a respeitá-lo. Um político com caráter. E, portanto, eu não farei nada que possa prejudicar o companheiro Ciro Gomes. Eu pretendo conversar com ele, ver se chegamos à conclusão sobre o melhor caminho.



Ele diz que o "santo Lula" está errado.



É preciso provar que o santo está errado. É por isso que eu quero discutir. 



O sr. ainda quer que ele seja candidato ao governo de São Paulo?



Se eu disser agora, a minha conversa ficará prejudicada.



O senador Mercadante pode ser o plano B?



Não sei. Alguém terá de ser candidato.



O Ciro tem dito que a aliança da ministra Dilma com o PMDB é marcada pela frouxidão moral.



Todo mundo conhece o Ciro por essas coisas. Mas acho que ele não disse nada que impeça uma conversa com o presidente.



O que se teme no Temer? Ele é o nome para vice?



O Michel Temer, neste período todo que temos convivido com ele, que ele resolveu ficar na base e foi eleito presidente da Câmara, tem sido um companheiro inestimável. A questão da vice é uma questão a ser tratada entre o PT, a Dilma e o PMDB.



O sr. não teme que Dilma caia nas pesquisas após sair do governo?



Ela vai crescer.



Mas sozinha?



Ela nunca estará sozinha. Eu estarei espiritualmente ao lado dela (risos).



Há quem tenha ficado assustado com a foto do sr. abraçando o Collor, depois de tudo o que passou na campanha de 1989.



O exercício da democracia exige que você faça política em função da realidade que vive. O Collor foi eleito senador pelo voto livre e direto do povo de Alagoas, tanto quanto foi eleito qualquer outro parlamentar. Ele está exercendo uma função institucional e merece da minha parte o mesmo respeito que eu dou ao Pedro Simon, que de vez em quando faz oposição, ao Jarbas Vasconcelos, que faz oposição. Se o Lula for convidado para determinadas coisas, não irá. Mas o presidente tem função institucional. Portanto, cumpre essa função para o bem do País e, até agora, tem dado certo. Fui em uma reunião com a bancada do PT em que eles queriam cassar o Sarney. Eu disse: muito bem, vocês cassam o Sarney e quem vem para o lugar? 



O sr. acha que o eleitor entende?



O eleitor entende, pode entender mais. Agora, quem governa é que sabe o tamanho do calo que está no seu pé quando quer aprovar uma coisa no Senado.



O governo depende do Sarney no Senado? O único punido até agora foi o Estado, que está sob censura.



O Sarney foi um homem de uma postura muito digna em todo esse episódio. Das acusações que vocês (o jornal) fizeram contra o Sarney, nenhuma se sustenta juridicamente e o tempo vai provar. O exercício da democracia não permite que a verdade seja absoluta para um lado e toda negativa para o outro lado. Perguntam: você é contra a censura? Eu nasci na política brigando contra a censura. Exerço um governo em que eu duvido que alguém tenha algum resquício de censura. Mas eu não posso censurar que os Poderes exerçam suas funções. Eu não posso censurar a imprensa por exercer a sua função de publicar as coisas, nem posso censurar um tribunal ou uma Justiça por dar uma decisão contrária. Deve ter instância superior, deve ter um órgão para recorrer.



O sr. e o PT lideraram o processo de impeachment de Collor e nada, então, se sustentou juridicamente porque o STF absolveu o ex-presidente. O sr. está dizendo que o jornal não deveria publicar as notícias porque não se sustentariam juridicamente? Os jornais publicam fatos...



Não quero que vocês deixem de publicar nada. Minha crítica é esta: uma coisa é publicar a informação, outra coisa é prejulgar. Muitas vezes as pessoas são prejulgadas. Todos os casos que eu vi do Sarney, de emprego para a neta, daquela coisa, eu ficava lendo e a gente percebia que eram coisas muito frágeis. Você vai tirar um presidente do Senado porque a neta dele ligou para ele pedindo um emprego? 



O caso da neta é o corporativismo, o fisiologismo, os atos secretos...



O que eu acho é o seguinte: o DEM governou aquela Casa durante 14 anos e a maioria dos atos secretos era deles. E eles esconderam isso para pedir investigação do outro lado. É uma coisa inusitada na política.



O sr. acha que os fatos do "mensalão do DEM", no Distrito Federal, são fatos inverídicos também?



No DEM tem um agravante: tem gravação, chegaram a gravar gente cheirando dinheiro.



No mensalão do PT tinha uma lista na porta do banco com o registro dos políticos indo pegar a mesada...



Vamos pegar aquela denúncia contra o companheiro Silas Rondeau, que foi ministro das Minas e Energia. De onde se sustenta aquela reportagem dizendo que tinha dinheiro dentro daquele envelope? Como se pode condenar um cara por uma coisa que não era possível provar? 



O sr. tem dito, em conversas reservadas, que quando terminar o governo, vai passar a limpo a história do mensalão. O que o sr. quer dizer?



Não é que vou passar a limpo, é que eu acho que tem coisa que tem de investigar. E eu quero investigar. Eu só não vou fazer isso enquanto eu for presidente da República. Mas, quando eu deixar a Presidência, eu quero saber de algumas coisas que eu não sei e que me pareceram muito estranhas ao longo do todo o processo. 



Quem o traiu?



Quando eu deixar a Presidência, eu posso falar.



Por que é que o seu governo intercede em favor do governo do Irã?



Porque eu acho que essa coisa está mal resolvida. E o Irã não é o Iraque e todos nós sabemos que a guerra do Iraque foi uma mentira montada em cima de um país que não tinha as armas químicas que diziam que ele tinha. A gente se esqueceu que o cara que fiscalizava as armas químicas era um brasileiro, o embaixador Maurício Bustani, que foi decapitado a pedido do governo americano, para que não dissesse que não havia armas químicas no Iraque. 



O sr. continua achando que a Venezuela é uma democracia?



Eu acho que a Venezuela é uma democracia. 



E o seu governo aqui é o quê?



É uma hiper-democracia. O meu governo é a essência da democracia